5 de outubro de 2009

Inflingir nos outros e em nós mesmos

"Magoar alguém é transferir para outrem a degradação que temos em nós."
Simone Weil

A nossa tendência é sempre a de receber para dar. Receber sem retribuir é muito bom e muito fácil. Mas será justo para com a outra pessoa? E se essa pessoa formos nós?
Todos nós fazemos escolhas diárias a este nível. É constante, uma vez que não nos é possível dar o mesmo a todos os que nos circundam ao mesmo tempo. E muitas vezes nos arrependemos das nossas escolhas. Todos cometeremos tal erro inúmeras vezes, não há como escapar a isto. O importante é repensar no cometido, analisar as nossas opções e, tendo a noção dos estragos, assumir as culpas. O pedido de desculpas é, sem qualquer dúvida, fulcral. No entanto, não é suficiente nem poderá mudar a visão que os outros têm de nós. Não sejamos ridiculamente egoístas agora, não me refiro ao que os outros pensam de nós… Antes às suas intenções de nos continuarem a dar, seja amizade, seja boa educação, seja amor ou simples gesto. O sentimento de rejeição, muitas vezes induzido em erro de circunstância, apenas nos prejudicará caso não tenhamos a noção do mesmo e nada façamos para o demonstrar ao ser humano vítima da nossa humanidade. Caso tenhamos o senso de assumir a nossa natureza e o façamos perante os outros, é apenas normal que os outros o aceitem com resposta clara de que o percebem por serem, também eles, humanos. Também os outros se consciencializam da sua semelhante humanidade e é esse o pior repúdio que podemos sentir perante outra pessoa, caso nos aparente não ter a noção das consequências dos seus actos ou até tendo, não assuma a responsabilidade com uma naturalidade que nos enoja.

Quando só recebemos passamos uma mensagem à outra pessoa, mesmo que inconsciente, de que ela não tem valor para nós. Ou melhor ainda, que somos superiores a ela, que as suas necessidades não são importantes e que as nossas, sim, é que são importantes. É apenas normal que a outra pessoa se afaste de nós. Não existe pior repelente que o desprezo inconsciente. Esse que nos fere pelo simples facto de nem sequer ter sido planeado e de nos ter sido infligido única e exclusivamente devido a momento pessoal de egoísmo e egocentrismo.

Quando colocamos alguém à frente das nossas próprias necessidades, mostramos-lhe o quão importante a pessoa é e quão significativas são suas necessidades para nós. Mais uma vez, tal acto só poderá trazer verdadeiros sorrisos, caso seja, de facto, sincero e impremeditado.

Só receberemos o que formos capazes de dar. É pena não nos lembrarmos disto mais vezes. É pena não nos lembrarmos dos outros mais vezes. Dos que amamos. Dos que nos amam. Das suas necessidades e fragilidades. Nem sempre é fácil colocar os outros em primeiro plano. Falta-nos um pouco de humildade para darmos valor a alguém em detrimento de nós mesmos.

Falo por mim mesma, evidentemente. Hoje magoas alguém, amanhã magoam-te a ti…

Desculpa… Amo-te muito.

trecho que tenho lido várias vezes seguidas!

"People universally tend to think that happiness is a stroke of luck, something that will maybe descend upon you like a fine weather if you're fortunate enough.
But that's not how happiness works.
Happiness is the consequence of personal effort. You fight for it, strive for it, insist upon it, and sometimes even travel around the world looking for it.
You have to participate relentlessly in the manifestations of your own blessings. And once you have achieved a state of happiness, you must never become lax about maintaining it, you must make a mighty effort to keep swimming upward into that happiness forever, to saty afloat on top of it. If you don't, you will leak away your innate contentment."

Do livro mais marcante que li este ano.

Eat
Pray
Love
De Elizabeth Gilbert