BOOM!
Os ouvidos fazem "piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii"...
Deixo de ouvir o médico em pleno, ele continua a falar, eu aceno mecanicamente mas a minha alma está meia fora do corpo.
O coração acelera, sinto tonturas, e todo o meu ser arde num misto de dor e raiva.
Não há medo, há frustração. Por não ter direito a tempo, a planos, a futuro.
É a isto que ficamos reduzidos quando o cancro nos domina. Paramos de viver.
E eu bem conheço estes sentimentos, não os queria de volta mas a puta da vida não é meiga comigo e há muito decidiu foder-me o juizo.
A minha mãe diz "grita, solta a raiva toda mas depois luta."
Vou tentar mamã, vou tentar.
Mas sim, agora deixa-me soltar esta raiva toda.
Obrigada.
23 de agosto de 2018
8 de agosto de 2018
O Super Corpo em mim
Devo louvar este meu corpo.
Tantas agruras e males já nele infligidos. Forçado a
suportar tanta intensidade de vida.
Devo agradecer-lhe a sua bravura, que por vezes em espirito
me faltou a mim a esperança mas a ele nunca o demoveram os cenários diversos
desta roda-viva que é viver.
Viver não é só sofrer, também é amar, rir, abraçar e
brincar. Este meu bravo corpo foi capaz de me proporcionar tudo isso e cá
estará para me defender mais uma vez.
Mutilada, cansada, empurrada para o ringue novamente, mas
mãe, filha, mulher e viva, bem viva e bem vivida.
Obrigada.
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