30 de janeiro de 2009

Negamos com a ajuda de um verbo auxiliar...

Relembro Proust que, numa inesquecível passagem do seu livro “Em busca do tempo perdido” descreve a sala de jantar do Grande hotel de Balbec “como um imenso e maravilhoso aquário diante do qual, numa parede de vidro, a população laboriosa de Balbec - pescadores e famílias de pequenos burgueses - invisíveis na sombra, se esmagam contra a vidraça para se aperceberem da vida luxuosa dessas pessoas tão extraordinária para os pobres como a dos peixes mais estranhos” (tradução por mim feita às pressas em ânsia de transmissão da ideia). Nesta passagem, descreve, este mestre da escrita, a incrível discrepância que sempre existirá neste mundo inevitavelmente material.

Crise? Isso só existe para alguns! É tão simples como isso. Nada existe de complexo em tal conclusão, sempre o mundo irá girar desta mesma forma e serão sempre os mesmos a carregar às costas o mundo, para que este continue a girar.
Pobres, sempre nos agarramos à ideia de que o dinheiro não traz felicidade.

Acreditemos nisso, sempre, para não chorarmos o dia todo…

Ironias à parte, a verdade é que a necessidade traz força, impele-nos para a luta e essa só nos poderá presentear com auto-realização e orgulho. Por poucos que sejam os passos que dermos, o esforço que invocamos para a sua realização será imensurável e trará nada mais que ainda mais força para lutarmos contra as injustiças que se atravessarão no nosso caminho até ao nosso último suspiro. Esta é a vida de um não rico, de pessoas que enfrentam desejos não realizados diariamente, insatisfações de desigualdade, frustrações de incapacidade de posse, etc… Ninguém poderá estar, em situação alguma, plenamente realizado e é aqui que nos apercebemos da existência de realidades diferentes. Não me arrependo de ter nascido deste lado do vidro, pois parece-me que o meu coração é maior e, sem dúvida, mais forte.

Esta chamada “crise” que atravessamos atinge o ego dos portugueses que haviam acreditado ter poder de compra, que haviam acreditado fazer parte de uma União Europeia desenvolvida e repleta de oportunidades e desenvolvimento. Deixemo-nos de ilusões ridículas. Os que sempre tiveram vida exacerbada, posses avultadas e subsequente falta de senso comum, são ainda os que assim continuam e perduram. Esses, jamais saberão o que é a crise, apesar de gritarem aos quatro ventos que “agora isto está muito mau, está tudo muito caro… mas sim, fui ao teatro; sim, já vi esse filme; sim, é claro que tenho umas calças dessas; sim, é claro que vou comprar as sandálias mais in, sim, é claro que arranjo as unhas no cabeleireiro todas as semanas, sim, é claro que vou jantar fora convosco…etc”. Por favor…

Percebo o direito de posse que adquiriram, seja por “osmose” ou por trabalho árduo. Nada apresento contra tais vidas, que não a minha, pois a ela não tenho direito e da mesma não tenho conhecimento. Nada me indigna na ostentação das suas posses, pois de tais posses não sinto necessidade e em nada afecta a minha relação diária com tais pessoas, que evidentemente muito me oferecem e muito me ensinam. Dois lados opostos que se completam, em inevitável necessidade mútua. No outro extremo, o que gasta uma nas unhas todas as semanas paga o pão e os iogurtes para os filhos durante uma semana e as calças de um pagam a água e a luz de um outro. Inevitável, esta diferença de realidades.

Com tais constatações, apenas desejo salientar objectivamente que existem diversas e variadas noções da realidade, nomeadamente essa denominada de crise. Enquanto para alguns é sinónimo de menos compras, posses e actividades recreativas, para outros é sinónimo de falta de comida na mesa, noites de insónia em desespero de futuro incerto e contas para pagar com saldo negativo, o mesmo quer dizer com dinheiro que não temos e que teremos de pagar com juros. Alguns nunca se aperceberão de que o dinheiro também se compra, e bem caro que este é.

A consequência mais injusta de tal crise não é a falta de bens mas sim a diferença entre os diferentes estratos sociais e a indignação que esta nos causa. A revolta, a incompreensão e os actos a que nos impelem tais sentimentos são sua a verdadeira consequência. O aumento da criminalidade, consequência directa de tais sentimentos, alia-se ao sistema educativo português que com o seu grau de sucesso inigualável nos surpreende. Eu, pessoalmente, surpreendo-me bastante ao dialogar ou tentar estabelecer diálogo, é mais o caso, com adolescentes activamente cativos de tal sistema. Fica sempre a estranha sensação de que todas as salas de aula decerto estarão equipadas com um televisor com “Morangos” a bombar injecções estereotipadas de realidades inexistentes e que tão ingenuamente assimilam os nossos jovens sem qualquer problema. Ou isso ou os alunos passam os 50 minutos de aula com os phones na tola e o acenar de cabeça ao qual os professores acedem, prolongando o seu monólogo com estupidificante contentamento, não passa do espasmo hipnótico que a música lhes provoca.

Felizmente, sempre existirá a excepção. Apesar de por aí andar escondida, acredito na sua existência e nela vou apaziguando as minhas frustrações. Voltemos, então, ao que me levou a escrever o título, primeira frase que despoletou tantas outras atabalhoadas. Tal denominada crise nada mais representa que mais uma volta na espiral interminável e cíclica, controlada pelos governos e sistemas mundiais, consequência de sistema governante desde o inicio dos tempos; fosse esse monarquia, ditadura, comunismo ou república. Com isto, relembro apenas que Portugal já conheceu crises muito mais tristes, em que poder de compra não tinha significado mais extenso que possuir um isqueiro, um colchão e umas mudas de roupa.

Sem querer entrar num debate que aqui não tem lugar, admita-se que o dinheiro faz parte dessas “imoralidades necessárias” a uma sociedade na condição de o seu reinado ser obstruído e controlado. Desconfiemos, portanto, e em igual proporção, de quem apregoe desdém por tal bem material. Não me visto de cinismo, quem me dera ter dinheiro! Este permite, ainda, aos não aderentes, sobreviverem no exílio, nos seus refúgios. Dinheiro compra muita coisa… nem que seja privacidade e fuga às pressões psicológicas do ciclo que ele mesmo gera. O sistema é inevitável, atinge todas as almas e mesmo as perdidas pagam o tratamento.

Não tenciono espalhar a minha pobreza com orgulho. Não sou apologista de extremismos nem ideologias de ataque crítico incessante. Relato apenas as diferentes realidades existentes e a sua notória interacção, que se verifica com o crescente contraste criado pelo buraco deixado a par da extinção da classe média. Sem querer desagradar aos seus detractores, afirmo apenas que a indecência do dinheiro não reside na sua existência mas sim na sua raridade; na forma insolente como é confiscado por meia dúzia de auto-intitulados senhores do mundo. (Um pressentimento desagradável adverte-nos, ainda que ideia louca minha, que a pobreza nos países desenvolvidos talvez nunca venha a ser vencida porque os ricos não têm necessidade dos pobres para enriquecer. Para isso, exploram já metade do mundo que vive em verdadeira, essa sim, Crise constante sem terem direito a sequer a pátria, que desde sempre se desenhou em prol de alimento de outra civilização qualquer distante.)

Devemos, portanto, voltar a cheirar a sabedoria dos Antigos e admitir, como Aristóteles, que a beleza, riqueza e saúde são igualmente acessórios úteis e válidos para uma boa vida. “Ninguém condenou a sabedoria à pobreza”, dizia ainda Séneca…
Ironia do destino é verificarmos que são os que menos têm que mais valores dão aos bens imateriais, esses que deveriam ser sempre os mais importantes. Já dizia a minha avó que o que não nos mata, torna-nos mais fortes. A minha mãe acrescenta sempre que não mata, mas mói. Fruto do que vivemos e experienciamos, cá nos vamos compondo de aprendizagens. Não sou perfeito espécime que se possa intrusar em sociedade endinheirada (ou aparentada de tal), mas sei que não o quero ser e isso serve-me de consolo ao meu ridículo estado de pobreza.

Não é que necessitasse de tais tempestades, mas decerto me irão ensinar a navegar melhor!

A família e os amigos são a verdadeira e única riqueza que perdurará e poderá fazer de nós ricas pessoas. Cultivemos, então, esse jardim, com amor! Esse que todos temos dentro de nós!

Obrigada a todos os que me amam!
Espero conseguir retribuir-vos sempre de braços abertos!

23 de janeiro de 2009

Loucura!

Erasmo foi um “Louco” do seu tempo. Um irreverente, sarcástico e ambicioso homem, cheio de vontades e ideias que não prendeu dentro do espírito. Revoltou-se contra os “bárbaros” do seu tempo e no papel carimbou as suas insipiências nas andanças revolucionárias da sua época! Foi um dos grandes humanistas do Renascimento, pelo seu saber clássico e universalidade de espírito. "Elogio Da Loucura", é um livro imprescindível numa imaginária estante que um dia cultivarei com tanto amor como o jardim que poderei amar pela janela da biblioteca dos meus sonhos!

"Elogio Da Loucura" é um ensaio (tipo de escrita que domina as minhas predilecções de leitura) escrito em 1509 por Erasmo de Roderdão. Este livro foi um dos catalisadores da Reforma Protestante - movimento reformista cristão iniciado no século XVI por Martinho Lutero que, através da publicação das suas teses, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no catolicismo.

O livro começa com uma sátira tornando-se, depois, mais sombrio por meio de orações onde revela a loucura em auto-depreciação. Loucura personificada, mas que representa nada mais que a dúvida de nós mesmos como pessoas, como seres, como veículos e como peões nunca totalmente cegos. Erasmo descreve e apresenta uma sátira dos abusos supersticiosos da doutrina católica e das prácticas corruptas da Igreja Católica Romana e termina o ensaio com um testamento emocionante dos ideiais cristãos.

A Loucura compara-se a um dos deuses, filha de Plutão e Frescura, educada pela Inebriação e Ignorância e apresentando como companheiros fiéis Philautia (amor-próprio), Kolakia (elogios), Lethe (esquecimento), Misoponia (preguiça), Hedone (prazer), Anoia (Loucura), Tryphe (falta de vontade), Komos (destempero) e Eegretos Hypnos (sono morto).

Loucos somos todos. Diariamente, exteriorizamos a nossa criatividade, ousadia, desejos e inconsequente ou subsequente loucura... Mudamos o mundo com os nossos olhos!
Quem censura a loucura enterra obras por ler e deita fora outras que poderia, por elas inspirado, escrever e encerra portas aos noviços em recusa de partilha de conhecimento.

A verdadeira loucura talvez não seja mais do que a própria sabedoria que, cansada de descobrir as vergonhas do mundo, tomou a inteligente resolução de enlouquecer!
Obstinação e calor na argumentação são provas seguras de loucura. Há lá alguma coisa tão teimosa, desdenhosa, contemplativa, grave e séria, como um burro?


Cá humildemente me declaro sedenta de conhecimento. Longa estrada terei de percorrer para poder delinear conclusões e verdades como filósofos como Erasmo. Não me imagino, em ocasião alguma, poder firmar obra digna de contemplação, mas continuarei a divertir-me com as palavras e com esta dita escrita sentida.

Doce Rotina, essa a da Loucura do Mundo!

Quem sabe hoje, amanhã e talvez ainda eternamente nos questionemos sobre as loucuras da alma. Interminável é a procura de justificações.

Todos encerramos em nós pedaços esquecidos de loucuras. Esses, fugazes sonhos inconcretizáveis ou incompreensíveis ímpetos, que vamos aglomerando em espaço reservado e de difícil acesso. Optamos, muitas vezes, pelo silêncio em benefício primário de nós mesmos. Baixar a cabeça representa nada menos que falta de coragem, mas admito que se envolve em sensatez e sentido de segurança. É instinto animal que nos faz fugir ao sofrimento e nos mantém na linha da mediana e aceitável estabelecida normalidade.

Agradeço a todos os loucos, que se insurgiram contra o estabelecido (ninguém nunca chega a saber bem por quem….) que nos presentearam com tais ensaios, teorias, artes, demonstrações de carácter, etc. São esses que preenchem a nossa História como humanidade. Foram esses que nos impeliram a evoluir, descobrir, aceitar, rebelar.
E.U. – Especial e Única como Tu!
WE ARE ONE, WE ARE ALL!

21 de janeiro de 2009

Saudade!

Saudade é rasgo de alma, falta de pedaço de nós mesmos que sabemos pertencer-nos mas que não se acusa fisicamente no momento.

Palavra incrivelmente genuína e portuguesa, essa sem tradução literal em tantas outras línguas. Provém do latim "solitáte", solidão. Mas não é o mesmo que solidão, porque não implica que não estejamos bem com o mundo e com a pessoa ou objecto da nossa saudade.

Dita a lenda que terá sido cunhada na época dos Descobrimentos no Brasil, utilizada para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe dos seus entes queridos.

É definida como a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou acções. No entanto, para mim, também não é melancolia, pelo facto de não se associar necessariamente a algo que não voltemos a sentir ou reencontrar, antes apenas a algo que amamos e desejamos repetir em acção e sensação.

Bela é a sua fonética e triste a sua sensação que nos faz correr rios de lembranças pela face em simultâneo, ainda que subtil, sorriso incontrolado.
Inequivocamente, como seres sociáveis que somos, é-nos impossível não nos apegarmos uns aos outros. No entanto, e sem qualquer dúvida, a alguns associamo-nos com intensidade estranhamente destinada, sem explicação que não soe a obtusa lei imposta pelos que não se aventuram no desconhecido sem intenção de afirmação de si mesmos. São essas associações e partilhas que, de tão genuínas, nos enchem a alma de SAUDADE!

Não tenciono nem necessito de me provar ao Mundo e a ele me dou sem que o mesmo me tenha de retribuir algo. A dádiva de nós mesmos aos outros é acto unicamente humano, pelo que acredito na plena sensação de genuinidade ao fazê-lo sem intenção medíocre preenchida de nada mais que puro egoísmo.

Pedaços de mim mesma, por mim atirados aos ventos, agarrados com paixão pelos que me tocaram, roubados sem que por eles reclame, na esperança de um dia receber um pedaço de alguém com sabor a genuíno abrir de alma, liberto de obrigatoriedades de pertença e repleto de incondicionalismo.

Saudade é sentimento constante, que nunca se perde. Quando se ama alguém ou algo, jamais poderemos extinguir a saudade que nos assolará na sua ausência vezes sem conta até ao final dos nossos dias. Talvez advenha desta conclusão, a expressão “matar saudades” que nos satisfaz um desejo de reencontro connosco mesmos; ao nos cruzarmos com esse pedaço de nós mesmos que deixámos colados a alguém ou a algum sitio. A satisfação de tal necessidade causa-nos prazer tal que amanhã a saudade só poderá ser maior ainda.

Logo, amigos, a Saudade não é mais que uma bela Ressaca! LOL

A palavra portuguesa "saudade" foi considerada como o sétimo vocábulo estrangeiro mais difícil de traduzir, segundo uma votação realizada por mil linguistas, levada a cabo pela agência londrina de tradução e interpretação Today Translations:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u398210.shtml

A mais votada foi "ilunga", de uma língua falada numa região da República Democrática do Congo e que significa "uma pessoa que está disposta a perdoar qualquer abuso pela primeira vez, a tolerar uma segunda vez, mas nunca uma terceira vez". Incrível, a mensagem veiculada numa só palavra!

Em quase todas as línguas existem formas de exprimir que se sente falta de alguém ou de algo, mas a palavra como nome, substantivo, sentimento, raramente é expressada linguisticamente como no Português. Na gramática, Saudade é substantivo abstrato, tão abstrato que só existe na língua portuguesa.

Espanhol: soledad
Catalão: soledat
Galego: morriña (saudades de casa)
Romeno: Dor (A nossa dor, foneticamente em romeno diz-se: Dorere)
Italiano: mi manchi ou Ho nostalgia di te
Inglês: Missing or longing
Hebraico: Diz-se :ga-agua, e no plural- saudades-- ga-agu-im
(mas as letras sao diferentes do portugues)
Francês: Manquer
Alemão: ich vermisse dich (tenho saudades tuas)
Crioulo de Cabo Verde: Sodade

Todas estas expressões estrangeiras não definem o que sentimos. São apenas tentativas de determinar esse sentimento que nós mesmos não sabemos exactamente o que é. Não é só um obstáculo ou uma incompatibilidade da linguagem, mas é principalmente uma característica cultural daqueles que falam a língua portuguesa.

O fado e a saudade são rasgos da língua, portanto, e não dos povos ou das pessoas: é algo que só a língua portuguesa nomeia, e essa designação descreve um sentimento complexo, por vezes fatalista e por vezes melancólico. A linguagem é criadora de realidades. A linguistica é gerada por épocas, vivências, e sentimentos partilhados por uma nação.

Saudade é um registo fiel do passado. É a prova incontestável de que tudo o que vivemos ficou impresso na nossa alma. Ao confessarmos uma saudade, na verdade, vangloriamo-nos de que, ao menos uma vez na vida, conhecemos pessoas e vivemos situações que foram boas, e que a sua lembrança será eterna. Nutri-la, é alimentar o espírito e a própria existência.

Acredito que sentir saudades é sinónimo de viver, de nos darmos ao mundo, de termos lembranças que valem a pena recordar. Eu recordo as minhas com grandes sorrisos, sempre.

Não obstante as mil saudades que mais guardo dentro de mim, cá me confesso como pronta a criar novas saudades que me preencham o coração e a alma mais um pouquinho!

Fica, por fim, uma citação de um dos meus escritores preferidos:
Em “O outro pé da sereia”, o moçambicano Mia Couto escreve:
“A saudade é um morcego cego que falhou o fruto e mordeu a noite”!

17 de janeiro de 2009

Hormonas aos saltos...

Nesta altura do mês, um turbilhão indefinido de sensações assalta-me o corpo sem pedir autorização.
Mulher que sou, cá sucumbo às alterações geofísicas do planeta que me alteram os humores com as suas marés, ora altas ora baixas.
Isto chega a ser deprimente, com uma lágrima no canto do olho cantarolando a nova versão do One Love dos U2 no carro. Mas, eis que, de repente, ao ver figura ridícula de outrém que se atravessa no caminho, disparo em risota histérica e nela mergulho até me doer a barriga...
Vá-se lá perceber, gritam os oriundos da votação do dia em que ganhou a maioria de cromossomas Y na Democracia Genética.
Mas a verdade é que, apesar de não haver desejo mais profundo numa mulher que encontrar alguém que a perceba e compreenda, nem ela mesma percebe que raio se passa com as suas vontades e ímpetos que se alteram com a simples brisa que lhe toca a face.
Não queremos afirmações típicas do género - Tu tás é com o chico, gaja!
Tal afirmação só terá uma única possível consequência, o amuo imediato.
Agora perguntam vocês, a maioria desse dia Y, mas por que raio amuam elas se é verdade?
Ora, exactamente, porque o sabem ser verdade e não têm resposta para tais alterações de humor nem o conseguem controlar; o sentimento de impotência constatado sempre uns segundos após a reacção incontrolada é o marco desta altura do mês...
Logo...caros Y's, o melhor é não dizerem nada e tentarem não levar a peito as barbaridades proferidas em tais dias... LOLOL

Fica aqui então a deixa!:):)
Caso tenham alguma dúvida existêncial relativamente aos seres de maioria X,poderão colocá-la para tentarmos esclarecer na medida do possível.. nem que seja para vos informar que não existe explicação...lolol

Feliz, eu estou!!!!

Freud declarou a felicidade como impossível, dizendo que esta é a parte dos desejos sempre crescentes que o individuo deve abandonar para viver em sociedade, sendo a cultura edificada sobre a renúncia dos instintos.
Talvez por isso, esses mesmos instintos tenham sido substituídos por outros não condenados como o consumismo desenfreado, o falatório e julgamento desmedido sobre as acções dos que se aventuram na sua genuinidade, a gula ou o consumo de alcóol.
A opção e escolha parecem-me injustamente postas de lado, condenadas a serem catalogadas como actos de heresia.
Despojemo-nos de falsos pertences, esses materiais que de nada nos servirão em dias de solidão.
Freud dizia que apenas a realização de um desejo infantil é capaz de proporcionar felicidade... Mas e agora? Lembramo-nos dos nossos desejos de infância?
Concluíu, ainda Freud, que a necessidade é conceito biológico e natural e o desejo psíquico e desnaturado. Os dois satisfeitos, não há dúvida, compõem então uma espécie de sensação plena denominada de felicidade.
A afirmação freudiana que diz que “o mundo é movido pela fome e pelo amor” também levanta sérias questões. Somente um pensamento complexo que está por ser inventado poderá dar conta desta questão.
Para Freud, é o desejo que põe em movimento o aparelho psíquico e o orienta segundo a percepção do agradável e do desagradável. A satisfação do desejo traz a felicidade esperada.
Continuo a considerar que o desejo jamais é satisfeito, porque tem origem na falta essencial que habita o ser humano, naquilo que jamais será preenchido e, por isso mesmo o faz sofrer, mas também o impulsiona na procura da realização – ou satisfação parcial – no mundo objectivo.
É preciso, por isso, reconhecer que é na dimensão onírica que o desejo se realiza, por meio do disfarce. Só assim se pode ser feliz. Porque, na dimensão concreta da realidade, jamais se conquista a felicidade. A realidade do mundo, dos acontecimentos e dos factos, frustra a nossa capacidade desejosa de preenchimento ou a sensação de ser feliz.
Portanto, não podemos associar a satisfação das necessidades à felicidade.

Eu estou mais com Kant, que dizia:

“Ninguém me pode obrigar a ser feliz à sua maneira”. I. Kant

Ou se é ou não se é, não acredito em meio termo, estranho conformismo a que se abandonam milhões de pessoas em falta de coragem esbatida pela opinião dos outros...
É questão que nunca terá resposta objectiva. A felicidade não se explica, sente-se!

A Felicidade está dentro de nós e reside na nossa auto-aceitação como pessoas imperfeitas que somos. Perfeita nunca serei, nem mais nem menos que os outros.
Mas orgulhosamente me declaro genuína!
Porquê não sei, mas aqui me tens Mundo!!!!
E eu não tenho vergonha de te dizer que jorra de mim felicidade!
Nunca estive tão pobre...lolol...
Mas caramba, viva a coragem!!!
E sim, estou Feliz como nunca!!!
Venha o amanhã!!!

15 de janeiro de 2009

Vagas de infelicidade...

Tudo se altera quando o animalesco mal que existe em todos nós se manifesta de forma irracional, ofensiva e cruel.
A dor tem de ter culpa. Inevitável é a nossa atribuição da mesma aos outros. Nós contra o Mundo. Sempre será dessa forma que a tentaremos contornar, iludidos com um possível esbatimento da mesma. Atacamos os outros quando, no fundo, queremos pedir ajuda e gritar por socorro.

Desejo apenas que o amanhã traga Paz aos desesperados e Amor aos infelizes!!

O que me atravessa a mente a estas horas...

Ninguém poderá jamais adivinhar o que nos trará o dia de amanhã.
Incógnito e sem nome, ele vagueia por aí à espera de ser agarrado.
Uma coisa é certa, será sempre inevitável.
A estrada é longa e, sem sombra de dúvida, atravessaremos trilhos sinuosos, outros mesmo inacabados.
Mas quem disse que a auto-estrada é o caminho mais seguro não arrisca viver e não se aventura por esses montes e vales que nos cortam a respiração e nos inspiram a construirmos novas estradas.
A força que em nós o vento acorda é deslumbramento insaciável.
Se for preciso, lançarei troncos que unam vales, desbravarei terrenos com as minhas mãos e atirar-me-ei à água para chegar à outra margem onde vislumbre uma estrada acolhedora.
Sozinha ou acompanhada, eu serei sempre capaz de me levantar após as incontáveis quedas que me esperam. Rainha de mim mesma, sem medo de cair novamente, eu serei sempre pequena aos olhos de outrém, mas gigante por dentro.
O Amor que a existência me concede é raio quente que espreita por detrás dessa núvem que desencoraja os conformados.
Não é preciso vê-lo para o sentir. Aquece-me por dentro e preenche-me a alma de forças inquestionáveis que me lançam para o amanhã sem medo.
Os anos tornaram a minha loucura mais regrada, ainda assim, genuína e inata, ela prevalece em meus sorrisos.
E a mim mesma me entrego, para não variar, de corpo e alma, mesmo que ao mundo não o conte.

Andas tapado pelas núvens, mas sei que estás aí Sol!
Sinto o teu calor!
Fico à espera de um raio teu!

Kiss

O escrevinhanço que me levou a iniciar este blogue!

Nas folhas que a árvore caduca ainda sustentava cintilavam os brilhos que o sol emanava naquela fria tarde de Inverno.
Os ramos bailavam em harmonia com a brisa que lhe despertava o rosto. Calma, ela sentia o frio que lhe acordava os sentidos com meiguice.
A cadência das cores, que em dávida a Natureza concedera àquela árvore, preenchiam os seus sonhos.
Deitada, ela respirava a sua calma e inalava a sua maturidade. O que aos outros aprazia trazer incómoda e agreste necessidade de refúgio, dotava-a de libertador sentimento de leveza e pacificidade. Sentia-se completa, encerrada em si mesma e beijada pelo vento, num misto de liberdade e despertença.
Sensação mais real e genuína não existira jamais, essa a de estar presente em si mesma, em assumida aceitação do seu ser.
O sol beijava-lhe a face enquanto ela fechava os olhos em sorrisos de prazeirosa aceitação dos seus toques doces e quentes.
Numa das suas inúmeras viagens a lugar nenhum, gozava a simples satisfação da inalação dos seus próprios sentidos.
A praia estava deserta e a areia levantava-se para dançar com o vento. Os dois, apaixonados, atiravam-se ao mar. Sentada, ela sorria e sentia a paixão que o vento materializava.
Vivos estamos todos, mas poucos são os momentos em que gozamos o simples estado de realeza dos nossos sentidos, que acordados nos enchem a alma de noção e sensação.
É bom estar viva!

Hora de almoço - praia da Torre! Oeiras!