23 de janeiro de 2009

Loucura!

Erasmo foi um “Louco” do seu tempo. Um irreverente, sarcástico e ambicioso homem, cheio de vontades e ideias que não prendeu dentro do espírito. Revoltou-se contra os “bárbaros” do seu tempo e no papel carimbou as suas insipiências nas andanças revolucionárias da sua época! Foi um dos grandes humanistas do Renascimento, pelo seu saber clássico e universalidade de espírito. "Elogio Da Loucura", é um livro imprescindível numa imaginária estante que um dia cultivarei com tanto amor como o jardim que poderei amar pela janela da biblioteca dos meus sonhos!

"Elogio Da Loucura" é um ensaio (tipo de escrita que domina as minhas predilecções de leitura) escrito em 1509 por Erasmo de Roderdão. Este livro foi um dos catalisadores da Reforma Protestante - movimento reformista cristão iniciado no século XVI por Martinho Lutero que, através da publicação das suas teses, protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no catolicismo.

O livro começa com uma sátira tornando-se, depois, mais sombrio por meio de orações onde revela a loucura em auto-depreciação. Loucura personificada, mas que representa nada mais que a dúvida de nós mesmos como pessoas, como seres, como veículos e como peões nunca totalmente cegos. Erasmo descreve e apresenta uma sátira dos abusos supersticiosos da doutrina católica e das prácticas corruptas da Igreja Católica Romana e termina o ensaio com um testamento emocionante dos ideiais cristãos.

A Loucura compara-se a um dos deuses, filha de Plutão e Frescura, educada pela Inebriação e Ignorância e apresentando como companheiros fiéis Philautia (amor-próprio), Kolakia (elogios), Lethe (esquecimento), Misoponia (preguiça), Hedone (prazer), Anoia (Loucura), Tryphe (falta de vontade), Komos (destempero) e Eegretos Hypnos (sono morto).

Loucos somos todos. Diariamente, exteriorizamos a nossa criatividade, ousadia, desejos e inconsequente ou subsequente loucura... Mudamos o mundo com os nossos olhos!
Quem censura a loucura enterra obras por ler e deita fora outras que poderia, por elas inspirado, escrever e encerra portas aos noviços em recusa de partilha de conhecimento.

A verdadeira loucura talvez não seja mais do que a própria sabedoria que, cansada de descobrir as vergonhas do mundo, tomou a inteligente resolução de enlouquecer!
Obstinação e calor na argumentação são provas seguras de loucura. Há lá alguma coisa tão teimosa, desdenhosa, contemplativa, grave e séria, como um burro?


Cá humildemente me declaro sedenta de conhecimento. Longa estrada terei de percorrer para poder delinear conclusões e verdades como filósofos como Erasmo. Não me imagino, em ocasião alguma, poder firmar obra digna de contemplação, mas continuarei a divertir-me com as palavras e com esta dita escrita sentida.

Doce Rotina, essa a da Loucura do Mundo!

Quem sabe hoje, amanhã e talvez ainda eternamente nos questionemos sobre as loucuras da alma. Interminável é a procura de justificações.

Todos encerramos em nós pedaços esquecidos de loucuras. Esses, fugazes sonhos inconcretizáveis ou incompreensíveis ímpetos, que vamos aglomerando em espaço reservado e de difícil acesso. Optamos, muitas vezes, pelo silêncio em benefício primário de nós mesmos. Baixar a cabeça representa nada menos que falta de coragem, mas admito que se envolve em sensatez e sentido de segurança. É instinto animal que nos faz fugir ao sofrimento e nos mantém na linha da mediana e aceitável estabelecida normalidade.

Agradeço a todos os loucos, que se insurgiram contra o estabelecido (ninguém nunca chega a saber bem por quem….) que nos presentearam com tais ensaios, teorias, artes, demonstrações de carácter, etc. São esses que preenchem a nossa História como humanidade. Foram esses que nos impeliram a evoluir, descobrir, aceitar, rebelar.
E.U. – Especial e Única como Tu!
WE ARE ONE, WE ARE ALL!

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