29 de novembro de 2018

Hugging despite whatever

Today i am quite sad.
Sometimes when i am sad i write in English, maybe from having burst into tears so many years in English with one of my best friends. Some of the most painful moments of my life have been shared with this friend and she was there for me.

3 weeks ago i was down, i mean really down, questioning if there was a point staying alive in my situation, etc.. but this is not about me and my suffering. I just mentioned it because, just as everyone, deep inside i know how it feels to hit the bottom and not having the will and strength to carry on.
But i got better and was able to remind myself of all the good in this life and felt better.
Why? Because i am not mentally ill to this point, but it is a disease, a real one affecting so many people.

So, this is about depression and mental illness. It is real and most people aren't even aware of its existence and meaning.
It does not mean that a person is feeling sad but tomorrow will be better and life goes on.
It means, this person is constantly fighting against herself, not being able to enjoy being alive, not being able to cope with suffering and feeling it is too much to handle, every single day...

My friend is hurting, very much, so much i cry as i am writing these words cause i wish i could take her pain away. Things don't work like that, sadly...

She has always been suffering, since as far as i remember. Angry against a world of easy happiness around her that she just could never grasp and fully comprehend or feel in her own skin.

Her mental illness and lifetime depression is such a burden to carry. I wish i could do something.
I cannot compare it to my pain, it doesn't make any sense comparing pains and situations.
I just need to talk about this theme, which is so serious, but not really taken seriously when it isn't around you.

It is hard for my friend, everyday is a struggle to keep merely existing.

But it is also hard for everyone around.
The ones who try to help and don't know how, the ones who thought they knew just how to help and failed, the ones who out of love got involved and tried to help until they felt themselves sinking as well and couldn't help but to jump off that boat, etc.

It is difficult dealing with this and i wish i could help her, but unfortunately i can't. It has gone beyond my reach and i just want to remind these people that, despite how deep your pain is, everyone around you is also in despair and trying to cope.
Sometimes it comes out the wrong way, the world is full of perspectives and we all have ours.

Just remember our moments of kicking life in the nuts, we rocked baby.
I am here for you. In the good and in the bad.
When i say this i seriously mean it and will respect your choices.
I still wish i could just take the pain away, i will always want that and will always feel deeply sad to know you are hurting and cannot fight it.

But i will respect your wishes.

I am here for you. Love you!

15 de novembro de 2018

Depois da tempestade, vem a bonança...


Foram duas semanas dificeis de ultrapassar.
O meu corpo estava muito enfraquecido e a sensação tanto física como psicologicamente era de me estar a entregar, a render. A perder uma luta que já nem sabia ser minha.

É sempre mais fácil falar das coisas palpáveis, mas a verdade é que nem todos os sintomas do cancro são físicos e existe um lado muito obscuro e dificil de aceitar nisto tudo.

Todos os dias lemos posts e recebemos mensagens motivacionais, de força. Todos os dias nos dizem que somos guerreiras, sobre humanas e que vamos vencer a morte com um sorriso na cara.
A intenção é boa, sim. Mas a realidade é outra e não existem muitos doentes a falar deste lado da doença. Desculpem se vou eu falar dele, mas eu sempre fui uma grande faladora hehe.

Não falo de morte... Todos os dias vemos noticias de pessoas que morrem após anos de luta contra a doença e nunca sinto tristeza, sinto paz e sei que a pessoa está finalmente em paz.

Falo da luta, da constante luta e pressão que sentimos para deixarmos os nossos amados felizes durante o máximo de tempo possível. A maioria desta luta não é por nós, mas sim pela família.
Sempre a fazer o esforço para sorrir, mesmo que a dor nos pareça ser o fim.
Sempre a responder aos apelos das crianças, mesmo que receber a criança a correr nos braços seja agonizante, mesmo que dobrar e abraçar as crianças na cama todas as noites antes de dormirem seja excruxiante, iremos fazê-lo até ao fim.

E sim, há momentos que não partilhamos com ninguém para não os fazermos sofrer.
Sim, pensamos na morte e na paz que um dia nos trará.
Sim, pensamos que não existe preparação possível para os que cá ficam...
Por mais artigos que se leiam não há nada que eu possa dizer aos meus filhos que os vá preparar.
Mesmo que eu ainda cá esteja 10 anos, não interessa, nada os vai preparar para a perda da mãe e eu tenho de aceitar isso e dar amor enquanto cá estiver, apenas.

A perda da orientação da vida é grande e desnorteia-nos.
Mulher acelerada, trabalhadora, mãe de 3 filhos, sempre à frente com a espada na mão contra o mundo. De repente, somos um corpo fraco que não se consegue levantar nem providenciar nada aos que sempre dependeram de nós e a mente fica perdida, sente-se incapaz e desnecessária.

Nós não somos as heroínas, mas sim a família e os amigos que nos apoiam e nos dão as razões para continuarmos cá.
O meu marido aguentou estas semanas sozinho a fazer o papel de mãe e de pai.
Pela primeira vez em 13 anos não me levantei antes de todos para tratar de todos, não me levantei de noite quando uma das minhas filhas chorou... Mas ele estava lá para mim e para elas e conseguiu.

Ele é e será a verdadeira heroína nesta história.

Entretanto, o meu corpo conseguiu recuperar a dose fortíssima do 1º ciclo de tratamento e estou a fazer o 2º ciclo.
Estou melhor, tenho mais energia e um pouco mais capaz de voltar a ser um pouco eu mesma.
E vou continuar a lutar todos os dias.

Beijinhos a todos e um bom dia para todos!

                                   



5 de novembro de 2018

Update 5 Nov 2018

Cá estou, em sofrimento mas viva ainda 😁.

Para não ser uma chatice de narrativa, vou fazer uma analogia à coisa.

Dentro de mim decorre uma guerra entre 2 exércitos . Um deles é composto de células anómalas que me querem comer viva. Destroem tudo à sua passagem e multiplicam-se rapidamente.

 O outro é um exército de bravos soldados que são a favor da vida e lutam contra esta anomalia que me quer devorar. Sacrificam-se estes para tentarem dar-me alguma esperança.

Entretanto, são lançadas armas químicas sobre estas guerras com o intuito de travar o crescimento da anomalia. Mas os bravos soldados vestidos de branco também são afetados pela guerra química e vêem as suas tropas igualmente reduzidas e privadas de uma rápida recuperação.

Eu, a terra onde esta guerra tem lugar, fico devastada com o cansaço, sofrimento, falta de forças e perda de bons pedaços de alma.

Hoje vim fazer análises para saber se esta terra já tão devastada ainda aguenta mais uma onda de armas químicas.
Infelizmente, a dose foi forte para mim e ainda não recuperei o meu exército branco. Assim sendo, não posso tomar a droga aceleradora e inovadora e vou ter de esperar mais uma semana.

Esta semana foi excecionalmente cansativa, pois fui ao IPO libertar todo o meu sofrimento numa consulta onde até uma médica com 50 anos de carreira se  constreve e afetou... Senti a sua tristeza e a sua frustração de saber que não me podem ajudar.

Confirmou-me que não têm estas drogas para dar no público e pior, confirmou-me que caso não tivessem falhado comigo e tivessem detetado as metástases teriam feito quimioterapia convencional que é o protocolo ao que têm acesso.
O que eu iria ganhar com isso seria apenas o mesmo que ganhei com a quimioterapia há 2 anos atrás. Adormecer as células uns anos mas não curar nada. E quando voltassem a manifestar-se ainda mais espalhadas teria pouco tempo. 

Estas respostas vieram em tom de aceno de cabeça às nossas muitas perguntas.

Lá acabou por me dizer com ar muito carinhoso e com os olhos cheios de intenção para me manter onde estava com o tratamento que consegui enquanto pudesse. 

Foi duro mas foi também libertador ter podido desabafar sem filtros e ter as respostas que precisava ter confirmadas .

Cá estou então mais uma semana a tentar recuperar o meu corpo e exército para voltar à carga aos malfeitores.

Obrigada a todos e beijinhos .