11 de outubro de 2018

Olá a todos,

Devo agradecer a onda de solidariedade de todos os que se têm preocupado comigo com apoio psicológico, amizade, contribuições monetárias para os meus tratamentos e mensagens de apoio que são tão importantes para mim!

Queria resumir um pouco a minha história, que apesar de ser apenas mais um caso de cancro entre tantos outros que sofrem neste país, não deixa de ser a Minha história, a minha Dor, as minhas Lágrimas e o meu Obrigado a todos e à vida.

Decidi fazer este resumo para dar a conhecer melhor o meu caso.

Em 2016 fui diagnosticada com cancro da mama. Já ocupava a mama esquerda quase toda e a axila esquerda.

Fui acompanhada no IPO de Lisboa.
E desde já quero deixar o alerta de saber que há casos em que falam muito bem do Instituto e nada tenho contra as pessoas que lá trabalham, mas a realidade é que EU não fui devidamente acompanhada e o estado atual do Instituto de Lisboa não é, para ser simpática, aceitável...
Fiz quimioterapia 5 meses, mastectomia radical e esvaziamento axilar e reconstrução com músculo dorsal, depois radioterapia durante 2 meses e injeções de transtusumab até setembro de 2017.
Em outubro de 2017 fiz ecografia e mamografia apenas. Ainda perguntámos se não viam o resto do corpo, mas confiámos quando nos indicaram que o fariam caso existissem outras queixas ou sinais.

Fui vista apenas 3 vezes pela mesma médica, as consultas duram 10m, não tive apoio psicológico, nunca conheci o cirurgião oncológico que me operou nem sei o seu nome e a informação que obtive sobre a doença e possíveis desenvolvimentos foi nula.

Em janeiro de 2018 tive a primeira consulta de rotina após finalizar os tratamentos.
Foi a primeira vez que me queixei de dores no externo entre os peitos.
Referiram a cirurgia agressiva que tinha feito e que teria dores musculares para sempre....

Em Maio tive nova consulta de rotina, mais uma vez um novo médico, que nunca me tinha visto antes e que era novo no instituto. Queixei-me das dores no externo, que me doía ao toque, que não dormia 2 horas seguidas, que não podia ser normal viver assim.
Não me fizeram qualquer exame e voltaram a referir que seria muscular...

Em julho aparecem 3 nódulos entre os peitos onde me queixava de dores há 7 meses....
No IPO, não consegui ser vista por nenhum médico, não têm urgências como advogou a enfermeira que me viu. Ainda me disse que lhe pareciam ser picadas de mosquito....
Tinha consulta apenas em Setembro e teria de esperar, informou-me ainda com ar severo que os exames estavam com 3/4 meses de espera.

Foi quando eu, absorta durante aqueles meses numa tentativa de ter uma vida normal em que no fundo sabia que algo não estava bem mas queria acreditar que seria paranóia apenas, acordei e percebi que seria grave.

Fui então ao privado fazer exames ao corpo todo.
Descobri então que o cancro havia metastizado por detrás da protese para os ossos e está espalhado por diversos ossos e tórax e entrada do pulmão direito ... O cenário foi dos piores, foi um choque tanto para os médicos que emocionados não foram capazes de disfarçar a gravidade como para a nossa família destroçada.

Disseram-me então que deveria voltar para o IPO pois os tratamentos seriam muito caros no privado... Foi como se me estivessem a mandar morrer noutro sitio e a enviarem-me para o matadouro....

Não desistimos, quisemos uma segunda opinião.
Fomos ao Champalimaud, onde percebemos que existem medicações recentes que no público são raramente autorizadas por serem muito caras.
Fizemos mais testes de medicina molecular e apesar da espera ser uma tortura, valeu a pena perceber qual o tratamento mais indicado para o meu tipo de cancro.
Tanto no publico como no outro privado, por essa altura já estaria a fazer quimioterapia convencional que afinal não seria o mais indicado para o meu bicho...

Continuamos a ouvir a palavra "paliativo", sabemos que não tenho cura, mas com estas drogas existe mais hipóteses de conseguir regredir um pouco a dimensão do cancro, controlar o seu crescimento e ganhar dessa forma mais uns anos para viver entre os meus filhos e família.

Devo agradecer à Wunderman, onde trabalho, que me proporcionou através do seguro de saúde do trabalho algum apoio.
Este ano conseguimos o apoio necessário para darmos inicio aos tratamentos.
No próximo ano será preciso pedirmos nova autorização ao seguro e não sabemos se teremos resposta positiva.
Caso seja positiva, o plafond permitirá fazer tratamentos até Julho.

Entretanto amigos já contribuíram para os tratamentos e já temos mais um mês assegurado.

A Kwan, empresa onde o meu marido trabalha criou um fundo para nos ajudar que será lançado em breve e devo agradecer do fundo do meu coração o apoio que nos estão a dar.
O texto que nos escreveram diz tudo, apesar de me correrem lágrimas pelo rosto ao lê-lo, é a mais pura da realidade. Tal como escreveram, o apoio não é para mim mas sim para os meus filhos poderem ter a mãe mais tempo.

Muito obrigada a todos.
😘😘😘😘😘😘




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