10 de fevereiro de 2009

Lusitana Paixão, a minha!


Imagem de Lúcifer na catedral Saint-Paul de Liège, na Bélgica.

O nome “Lúcifer” é muitas vezes empregado como referência a Satanás, mas não existe qualquer fundamento bíblico que sustente esta ideia. A palavra "Lúcifer" é uma má tradução nalgumas Bíblias da palavra hebraica hêlîl em Isaías 14:12.

Isaías 14:12: “Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?”

Versões bem conhecidas como a Revista e Corrigida traduzem esta palavra como a "estrela da manhã."
Como tantos outros erros de tradução, este com séculos de consequências apresenta-nos barreiras culturais de intrínsecas estórias tão difíceis de contestar como de provar. No entanto, na verdadeira acepção da palavra e em termos linguísticos e etimológicos, o nome Lúcifer não deveria ser nem associado ao mitológico Satanás ou lato Diabo nem a qualquer conotação negativa.

É interessante referir que o Novo Testamento fala sobre a "estrela da alva" (2 Pedro 1:19) e a "estrela da manhã" (Apocalipse 2:28; 22:16). Em todas estas passagens, evidentemente, a estrela da manhã não é Satanás, ou qualquer outra criatura diabólica. O próprio Jesus é a brilhante estrela da manhã que abençoa seus servos fiéis.

“Lúcifer” é uma palavra latina que significa “portador da luz" (Vem do latim, lux, lucis = luz; ferre = carregar) cuja correspondente em grego é "phosphoros", significa "o portador do archote" ou "o portador da luz".

Além destas noções, existe ainda outra, sendo esta a que mais me apraz. Lúcifer foi um nome dado pelos latinos ao planeta Vénus. Vénus, devido à sua proximidade do sol, torna-se visível quando este se encontra no horizonte, durante os crepúsculos, sejam, esses matutinos ou vespertinos. Daí ser conhecido como a estrela da manhã, e também como a estrela vespertina. Ao amanhecer, a "estrela" Vénus surge no horizonte antes do "nascimento" do sol. É como se fizesse o papel de arauto do sol, despertando o astro rei do seu sono nas regiões abissais e anunciando, de manhã, a chegada do sol. Ao entardecer, Vénus "empurra" o Sol novamente para as regiões obscuras. Talvez tenha surgido daqui a noção de que Vénus ou Lúcifer, estrela da manhã "carrega" o archote, ou, o sol...

No entanto, Satanás é igualmente conhecido como Lúcifer, nome atribuído ao anjo caído, da ordem dos Querubins, como descrito no texto Bíblico do Livro de Ezequiel, no capítulo 28.
De acordo com a mitologia estabelecida pela igreja católica, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de todos os Arcanjos. Deus, concedeu-lhe, então, uma posição de destaque entre todos os seus auxiliares. Segundo a mesma, este orgulhava-se do seu poder, não aceitava servir uma criação de Deus,"O Homem" e revoltou-se contra o Altíssimo. O Arcanjo Miguel liderou as hostes de Deus na luta contra Lúcifer e as suas legiões de anjos corrompidos, derrotando-os e expulsando-os do céu. Desde então, o mundo vive em guerra eterna entre Deus e o Diabo. De um lado Lúcifer e suas legiões tentam corromper as criaturas mortais, obra de Deus, e do outro lado, Deus, os anjos, arcanjos, querubins e Santos travam batalhas diárias contra as forças do Mal (personificado em Lúcifer).
Oficialmente a Igreja não atribui a Lúcifer o papel de Diabo, mas apenas o estado de "caído" (Petavius, De Angelis, III, iii, 4).

Analisemos então o significado de Diabo e de Satanás.

Pois bem, Diabo significa Acusador, palavra que descontextualizada poderá soar, de facto, mal. Eras algumas atrás, acusar era sinónimo de poder e poder não era propriamente sinónimo de justiça, uma vez que comparativamente aos nossos dias, esse não se estendia muito para além do círculo religioso estabelecido. Hoje em dia, em muitos casos, acusar aplica-se igualmente à defesa de uma causa ou de direitos que supostamente deveriam ser respeitados.

Temos ainda Satanás, que tem origem na palavra Satã, que por sua vez significa Adversário. Mais uma vez, se contextualizarmos a utilização da palavra Satanás na era em que esta se conotou negativamente, percebemos a força que a religião da época terá imposto sobre tais conotações, uma vez que visava destruir qualquer vislumbrado adversário que ameaçasse abalar tal super potência.

Como seria de esperar, a linguística destes dois nomes evoluiu de acordo com a sua utilização e poderá ser fácil encontrar definições diversas em termos da sua significação. Encontramos, portanto, como definição mais vulgarizada nos nossos dicionários, Diabo como sendo o Caluniador e Satanás como sendo o Demónio. Definições adquiridas e não directamente associadas à origem das palavras em si. Tudo é, evidentemente, discutível e tais novas definições, marcadas pela era cristã, não poderão ser consideradas menos válidas que todas as outras.

Em Apocalipse 22:16 está escrito: "Eu, Jesus, … sou a raiz e o descendente de Davi, sou a estrela radiosa da manha." — Isto remete-nos para uma discussão interessante, se o próprio Jesus se auto denominou a estrela radiosa da manhã, que também é Lúcifer, este nome não deveria ter sido associado ao mal de forma alguma!
Ao pesquisar sobre esta palavra, descobri ainda facto curioso: um Bispo que se chamava Lúcifer, de Cagliari, na Sicília, de 370 a 371, montou uma doutrina contrária a todo e qualquer contacto com os idólatras.

E porquê escrever sobre isto? Bom, ainda esta semana, colegas minhas se referiram ao nome Lúcifer como algo não desejado empregando ao mesmo uma conotação negativa à qual eu, confesso, achei piada.
Porquê? Bom, como lusitana que sou, lusa me confesso. As origens do nosso povo lusitano remetem, exactamente para um povo que adorava Lúcifer, os Lusos da península Ibérica, dos quais costumo falar às vezes, em influência de meu pai que tão apaixonadamente me incutiu curioso fascínio por tais factos históricos.

Ficam então aqui alguns factos históricos relativos a tal povo do qual somos oriundos:
Os lusitanos constituíam um conjunto de povos de origem indo-europeia, e habitavam no oeste da Península Ibérica no que hoje é Portugal e parte da Extremadura espanhola.
A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos. Este chefiava a tribo dos lusitani, considerada por alguns autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os romanos. As lutas dos lusitanos contra os romanos começaram em 193 a.C. Esta luta só acabou com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três companheiros tentados pelo ouro romano.

Mitologicamente, ou seja, em tipíca interpretação/ tradução/ classificação pagã a cargo de padres cristãos, Luso é o suposto filho ou companheiro de Baco, o deus romano do vinho e do furor. Mitologia esta romana, repescada da grega (Dioniso, Diónisos ou Dionísio era o deus grego equivalente ao deus romano Baco) que em nada se relaciona com a península Ibérica e os povos que nela habitaram. Mais uma vez, contextualizada, se percebe a forte influência que a limitada educação reservada aos que detinham o poder exerceu sobre a nossa sociedade. O que foi interpretado, escrito e divulgado tem influência actual sobre a nossa cultura e crenças.

É esta mitologia pagã que lemos na estrofe 22 do Canto III d'Os Lusíadas de Camões.

Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso, ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros,
E nela então os Íncolas primeiros.
Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas,
estrofe 22 do Canto III

Bom, quer se goste, quer não, a identificação da Lusitânia com Portugal vem praticamente das origens da nacionalidade portuguesa: num texto dos finais do século XII, Vida de S.Teotónio, D.Afonso Henriques é designado “(...) rei de toda a Lusitânia e parte da Galiza”. Esta identificação tornou-se tão universal quão indiscutível, e tem-se mantido até aos nossos dias: a Carta Apostólica de 16 de Janeiro de 1946, em que o papa Pio XII constitui Santo António de Lisboa 'Doutor da Igreja', começa com as seguintes palavras: “Exulta, Lusitania felix! (...) ”.

A tribo Lusitani habitava na Serra da Estrela. É inevitável ligar o topónimo 'Estrela' à origem do etnónimo 'Luso': Lúcifer é a Estrela da Manhã (Phosphoros) e a divindade Lux ou Luci era a invocada pelos Lusitanos. O deus Endovellicus, adorado pelos Lusitanos, também se chamava Lu, e supõem alguns que teria derivado daí o nome 'Luso'. Alguns historiadores afirmam com a maior naturalidade que Viriato era um 'adorador do arcanjo Lúcifer ou Portador de Luz, chefe da tribo mais aguerrida dos Lusitanos, chamada Poesures ou pastores da Serra da Estrela, acrescentando que por Lúcifer ser conhecido, igualmente, por Estrela da Manhã é que ainda hoje a serra onde viviam os Poesures conserva o nome de Serra da Estrela.

Por tal história e tanta mais por contar, nos revestimos de uma singularidade denominada de Lusitana. Não há dúvida que qualquer povo é único em termos culturais e sociológicos. A genética encarrega-se da passagem de genes dos quais não existe memória, mas cuja presença é incontestável.

Por isso, cá espero por ti genuíno luso-descendente, de espada em punho, capaz de se bater por mim até à morte por nada mais que princípio e honra.

Hehe, mesmo à filme!
A ti dedico esta minha Lusitana paixão, meu Adorado Lúcifer!
Traz lá o Sol para me aquecer!

Must go – Loriga!

Curious?
Check:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viriato
http://www.in-loco.com/Viriato.htm
http://viriatus.no.sapo.pt/
http://portugalhistoria.blogspot.com/2008/02/quem-eram-os-lusitanos.html
http://groups.msn.com/smkq6tklbkrpsggg511l6n9287/Lusitnia.msnw

3 comentários:

  1. meu monica , k loucura!adorei , granda trabalhão de pesquisa!inda dizes k n tens paciencia!?lol! parabéns , um texto muito informativo e super bem escrito , n dava para parar de ler!hihi , tal cm eu n pares miuda!

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  2. Olá Monica.

    Chamo-me Daniel Simões, sou português, de Almada e estou morando há algum tempo em Fortaleza, Brasil.
    Estou neste momento fazendo uma monografia para o meu final de curso de naturologia, intitulada:
    Meditação na Luz Interior - A espiritualidade na Naturologia Clínica como Terapia de Apoio e Prevenção de Doenças.
    Depois de tratar sobre as origens da meditação e sobre o método de meditação primordial, eis que, inevitavelmente, falo sobre o papel de Portugal na viagem que as tradições e as filosofias Orientais e do Médio Oriente fizeram até ao Ocidente. Inevitavelmente estou referindo o Culto do Espírito Santo em Portugal e o Culto Luciferiano como trajectória até aos dias de hoje, em que as práticas espirituais do Oriente se encontram disseminadas por todo o mundo ocidental.
    Com isto, deparei-me com este seu muito bem elaborado estudo e quero utilizá-lo, com sua devida permissão, em minha monografia, com suas referências autorais, evidentemente.
    O que sente em relação a isto?
    Quando terminar a monografia enviar-lhe-ei uma cópia, uma vez, certamente, esta irá complementar em muito seus estudos sobre a História Espiritual de Portugal, assunto sobre o qual me debruço há muitos anos através de autores como mestre Agostinho da Silva, Fernando Pessoa, António Telmo, António Quadros, Vitor Mendanha e por estudos realizados no território português e europeu.
    Pense sobre meu pedido e responda-me, por favor, para poesiasocial@gmail.com.

    Com os votos de dias plenos de Amor e Alegria, Saúde e Sabedoria,

    Daniel Simões

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  3. muito bem. Continue o bom trabalho no esclarecimento e na verdade.
    Sou um estudante de ocultismo e gostava de partilhar algumas informações sobre o tema.

    darkworld9999@hotmail.com

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